terça-feira, 29 de junho de 2021

Saciar a fome e combater suas causas. Por Frei Gilvander

 Saciar a fome e combater suas causas. Por Frei Gilvander Moreira[1]



Em palavras de fogo, Carolina Maria de Jesus, no livro Quarto de Despejo, de 1960, denuncia a brutal injustiça social. Diz ela: “Hoje não temos nada para comer. Queria convidar os filhos para suicidar-nos. Desisti. Olhei meus filhos e fiquei com dó. Eles estão cheios de vida. Quem vive, precisa comer. Fiquei nervosa, pensando: será que Deus esqueceu-me? Será que ele ficou de mal comigo?”. Após o Brasil ter sido tirado do Mapa da Fome, durante o Governo Lula, agora o Brasil foi empurrado novamente para o Mapa da Fome. O enorme número de pessoas pedindo comida, e pesquisas recentes indicam que a fome voltou de forma brutal no Brasil. Mais de 19 milhões de pessoas estão na extrema pobreza (renda mensal abaixo de R$89,00 per capita) passando fome e 27,7% da população (58 milhões de pessoas) estão com insegurança alimentar, segundo pesquisa de Food for Justice. Cadê o respeito ao direito à alimentação prescrito na Constituição Federal? O número de pessoas em situação de rua cresce cotidianamente beirando a 500 mil. O desemprego bate recorde diariamente. As campanhas para arrecadação de alimentos se multiplicam. Os clamores são ensurdecedores, tais como: “Estou deixando de tomar café da manhã para que minhas irmãzinhas possam comer alguma coisa”. “Vários dias por semana vou tentar achar algo para comer no resto da feira ou dos sacolões”. “Dói demais ver e ouvir uma criança da gente, em prantos, pedindo pão e a gente não ter como alimentar nossos filhos”.

Um poema profetiza: “Quem tem fome, tem pressa. Não pode esperar. Então corre irmão, vamos. Nesse momento tem gente morrendo de fome, no nosso Brasil. A fome é perversa. E quem alimenta esse monstro do mal é a desigualdade social. Tem barriga vazia fazendo chorar ...”[2]. Por amor ao próximo todo povo precisa, urgentemente, se fazer solidário e acudir de forma solidária todos/as que estão passando fome. Campanhas para arrecadação de cestas básicas e todos os gestos de filantropia são necessários com urgência neste momento. Que todos/as doem o máximo possível. Entretanto, faz-se necessário atacar as causas que estão gerando a fome que implode as pessoas por dentro: a estrutura fundiária baseada no latifúndio há 521 anos; o agronegócio que, em latifúndios, com uso indiscriminado de agrotóxico, tecnologia de ponta e muitas vezes submetendo os/as trabalhadores/as a trabalho análogo à situação de escravidão; política econômica neocolonial que concentra cada vez mais riqueza nas mãos da elite; repasse de cerca de 40% do orçamento do país para pagar juros e amortização da dívida pública que já foi paga várias vezes; injustiça tributária (proporcionalmente os pobres pagam muito mais impostos do que os ricos); imposto irrisório sobre herança; falta de taxação justa das fortunas; desmonte do Estado brasileiro com privatizações que são tremendamente danosas ao povo e encarecem o custo de vida; asfixia do SUS e da agricultura familiar; falta de reforma agrária; invasão dos territórios dos Povos e Comunidades Tradicionais; a política genocida do inominável antipresidente que estica e aprofunda a pandemia matando de forma orquestrada mais de 520 mil irmãos e irmãs nossos/as, deixando milhões com sequelas graves e piorando de forma brutal a crise econômica que recai como um fardo insuportável, principalmente nas costas da classe trabalhadora; redução do valor real do salário mínimo e das aposentadorias; salário mínimo de apenas R$1100,00, enquanto o preço da cesta básica está em R$600,00, segundo o DIEESE[3]; Extinção do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA), em fevereiro de 2019, por Bolsonaro, entre outros fatores. Tudo isso tece relações sociais que estão fazendo a fome se alastrar de forma vertiginosa, pois aumentam em progressão geométrica a injustiça social e reproduz cotidianamente uma das maiores desigualdades sociais do mundo.

No meio do fogo do latifúndio, o capitalismo - atualmente mundializado e em crise estrutural desde a década de 1970 -, ao avançar sobre os territórios, expropriando os camponeses,  tem transformado o Brasil em imensas pastagens e imensas monoculturas de cana, de eucalipto, de café, de capim etc. Agronegócio não produz alimento; produz, sim, commodities, que são mercadorias primárias para exportação, exportadas com isenção de Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICM). Agronegócio produz, sim, desertificação de territórios, violência no campo, desmatamento, envenenamento da terra, dos cursos de água, do ar e epidemia de câncer, alzheimer e várias doenças que se multiplicam no meio do povo pelo exagero de agrotóxicos que aumentam a quantidade do que é produzido, mas com péssima qualidade sanitária. Muitos insistem em manter grande parte do povo brasileiro como rebanho a ser tocado como gado, conforme diz a música Vida de gado, de Zé Ramalho: “Eh, ôô, vida de gado / Povo marcado, ê”.  Ainda em 1989, o sociólogo José de Souza Martins atestava: “Os pobres da terra, durante séculos excluídos, marginalizados e dominados, têm caminhado em silêncio e depressa no chão dessa longa noite de humilhação e proclamam, no gesto da luta, da resistência, da ruptura, da desobediência, sua nova condição, seu caminho sem volta, sua presença maltrapilha, mas digna, na cena da História” (MARTINS, 1989, p. 12-13).

Ano a ano, no planeta Terra, nossa única Casa Comum, o ser humano e toda a biodiversidade estão em perigo crescente de um apocalipse provocado pelo capitalismo com seu atual modo de produção devastador socioambientalmente em progressão geométrica. Em sua etapa monopolista, o capitalismo no campo com seus complexos industriais de produção agropecuária tem colocado questões inéditas e desafiadoras para a luta pela terra, pois “esse processo contínuo de industrialização do campo traz na sua esteira transformações nas relações de produção na agricultura, e, consequentemente, redefine toda a estrutura socioeconômica e política no campo” (OLIVEIRA, 2007, p. 8). O futuro da humanidade e de todas as espécies vivas está ameaçado como nunca esteve. Como uma cruel máquina de destruir vidas humanas e ecológicas, nos 521 anos de colonização do nosso país, contando o período da acumulação primitiva, o capitalismo está se mostrando cada vez mais feroz e destruidor, atualmente em forma de imperialismo global hegemônico capitaneado pelos Estados Unidos e pelas empresas transnacionais.

Convivendo com o povo simples, oprimido e superexplorado, Jesus Cristo alia a solidariedade libertadora à luta pela justiça profunda. Jesus aprendeu, colocou em prática e ensinou a pedagogia da partilha dos pães de forma tão enfática que as primeiras comunidades cristas narraram seis vezes nos quatro evangelhos da Bíblia (Jo 6,1-15; Mt 14,13-21; Mt 15,32-38; Mc 6,32-44; Mc 8,1-10; Lc 9,10-17), pedagogia que envolve uma série de passos articulados e interdependentes: 1º) Jesus “atravessa para a outra margem” (Jo 6,1), ou seja, vai para o meio dos “estranhos”, considerados impuros e hereges. O Galileu se coloca no meio do povo faminto. Ouçamos o povo sofrido com seus clamores!; 2º) Vê a realidade nua e crua a partir dos empobrecidos. Coloquemo-nos no lugar social dos famintos! “Sente aí e escute o povo”, diz Lúcia, defensora dos Direitos Humanos, em reunião com o povo em situação de rua, no Filme Anel de Tucum; 3º) Comove-se com a dor do povo sofrido. Tenhamos empatia!; 4º) Provoca a todos/as para a buscar solução para o grave problema social, fruto de injustiça social: a fome. Vocês é que têm de lhes dar de comer” (Mt 14,16; Mc 6,37).; 5º) Discerne junto com o povo faminto qual projeto pode ser o caminho da superação da fome; 6º) Excluí a postura de quem queria se esquivar da responsabilidade diante do problema - “despede as multidões para elas irem ...” (Mt 14,15) - e o projeto de mercado apresentado por discípulo Filipe: “comprar pão para ...” (Jo 6,7; Mc 6,37). A idolatria do mercado é a causa da fome e jamais será a solução; 7º) Acolhe o projeto socialista, de partilha – humano - apresentado pelo discípulo André: “Eis uma criança com cinco pães e dois peixinhos” (Jo 6,9). “Temos só sete pães e alguns peixinhos” (Mt 15,34, Mc 8,5); 8º) Propõe organizar o povo em grupos de 5, de 10, de 50, de 100 etc; 9º) “Diga ao povo para se assentar na terra” (Mc 8,6), não no sofá e nem só diante da internet. Ou seja, a solução da fome passa necessariamente pela partilha, democratização e socialização da terra, que é reforma agrária e resgate, identificação e titulação de todos os territórios dos Povos e Comunidades Tradicionais; 10º) Abençoa os pães e os peixes, ou seja, cultiva a espiritualidade e a mística que envolve nossa vida e toda a realidade; 11º) Conta com lideranças no meio do povo para “repartir o pão!”; 12º) Propõe que seja recolhido o que está sobrando: “recolham o que sobrar”.

Assumir radicalmente o projeto transformador e libertador de Jesus de Nazaré: eis a tarefa que temos que fazer, com urgência.

Referências.

MARTINS, José de Souza. Caminhada no chão da noite: emancipação política e libertação nos movimentos sociais do campo. São Paulo: HUCITEC, 1989.

OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino de. Modo de Produção Capitalista, Agricultura e Reforma Agrária. São Paulo: Labur Edições, 2007. Disponível em http://www.geografia.fflch.usp.br/graduacao/apoio/Apoio/Apoio_Valeria/Pdf/Livro_ari.pdf

 29/06/2021

Obs.: Os vídeos nos links, abaixo, ilustram o assunto tratado acima.

1 - 16ª Live: A FOME VOLTOU ... QUE FAZER? – Mov. Inter-Religioso do Vale do Aço, MG, 27/6/2021

2 - "Corpus Christi" e os corpos do povo sendo violentados: e nós? , com frei Gilvander

3 - Live - DECISÃO DO STF CONTRA DESPEJOS NA PANDEMIA: análise de seus benefícios e limites - 05/6/2021.

4 - Live - A luta por MORADIA no Brasil: todo despejo é cruel e desumano, na pandemia, pior e inadmissível.

5 - Luta contra a mineração em Minas Gerais e na Amazônia e os territórios indígenas

6 - Estenda a mão a quem passa fome na Ocupação Rosa Leão, em Belo Horizonte, MG. Seja solidário/a!

7 - MLB ocupa Carrefour em Belo Horizonte: Por "Natal sem fome", contra racismo. Fora, fascista!22/12/20



 



[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico, em Roma, Itália; agente e assessor da CPT/MG, assessor do CEBI e Ocupações Urbanas; prof. de Teologia bíblica no SAB (Serviço de Animação Bíblica), em Belo Horizonte, MG. E-mail: gilvanderlm@gmail.com  – www.gilvander.org.br  – www.freigilvander.blogspot.com.br       –       www.twitter.com/gilvanderluis         – Facebook: Gilvander Moreira III

[2] Fonte: Poema “Quem tem fome tem pressa”, no site http://gilvander.org.br/site/%ef%bb%bfpoema-quem-tem-fome-tem-pressa/

[3] Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos.

quarta-feira, 23 de junho de 2021

Ir às ruas para salvar 1,5 milhão de pessoas. Por Frei Gilvander

  Ir às ruas para salvar 1,5 milhão de pessoas. Por Frei Gilvander Moreira[1]


O dia 19 de junho de 2021 provavelmente entrará para a história como um dia histórico, por dois motivos: a) o dia em que no Brasil ultrapassou 500 mil mortos[2] durante a pandemia da covid-19, mortos não apenas pelo coronavírus, mas, principalmente, pela política genocida, política de morte, planejada e coordenada pelo desgoverno federal do inominável antipresidente; b) o dia que cerca de um milhão de pessoas foram às ruas em 420 cidades no Brasil e em dezenas de cidades no exterior gritar por “Fora, Bolsonaro”, “Vacina, já!” e “Auxílio Emergencial justo e digno, de pelo menos R$600,00”. Duplicou-se o número de pessoas na luta nas ruas e também o número de cidades em relação às manifestações de 29 de maio último. Iniciou-se o dia 19 de junho com a notícia de que o Brasil tinha ultrapassado os 500 mil mortos, vítimas da política genocida em curso no país. Ao entardecer do mesmo dia, se vê a imagem de 500 mil pessoas na Avenida Paulista em São Paulo lutando em defesa da vida, da democracia e por todos os direitos.  



Todos com máscara, álcool em gel, distanciamento, muita criatividade, com muito amor, ao som dos tambores, com inúmeras mensagens estampadas em cartazes, faixas e banners, com uma energia revolucionária contagiante! O povo, de crianças a idosos, mas com destaque para a juventude e as mulheres, deu mais uma vez o recado em alto e bom som. Destaco algumas das centenas de gritos ecoados nas ruas no último sábado. Por exemplo, uma vovó, em João Pessoa, cantou: “Eu vou, eu vou rezar, vou rezar o meu rosário para que Nossa Senhora bote fora Bolsonaro.”; “Se o povo protesta em meio a uma pandemia, é porque o governo é mais perigoso que o vírus.”; “Eu te responsabilizo, Bolsonaro!”; “MAIS amor, vacina e ciência e MENOS ódio, negacionismo e Bolsonaros.”; “Queremos vacina no braço, comida no prato e Fora, Bolsonaro!”; “Não tem vacina, mas tem chacina. Em memória dos 29 do Jacarezinho.”; “Nem tiro, nem fome e nem covid. Fora, Bolsonaro!”; “Vacina salva vidas, Amazônia salva o Planeta”; “Com Bolsonaro no poder, as mortes só aumentam.”; “Não estão todos, faltam 500 mil vidas.”; “Nem tiro, nem vírus, nem fome: a CPI tem que acabar em impeachment.”; “Pela Vida! Pela Vacina! Fora, BolsonaroFora, Governo Genocida!”; “Vida, Pão, Vacina e Educação! Fora, Genocida!”; “A Ciência e a Educação salvam. Bozo mata!”; “Fora, Bolsonaro! Chega de mortes! Vacina, já!”; “Chega de genocídio, fome e desemprego!”; “Vacina para todos, já!” “Luto(a) pelas 500 mil vidas perdidas. Basta! Chega! Vacina e responsabilização, já, de Jair Bolsonaro, na CPI e no STF!”.



Marcante também foi a articulação dos Movimentos Sociais Populares e outras forças vivas da sociedade que, em mutirão estabeleceram redes e transmitiram ao vivo os Atos Públicos, as Marchas e as manifestações que ocorreram em 420 cidades. O “Jornal A Verdade” e a “TV Resistência Contemporânea”, por exemplo, fizeram cobertura ao vivo durante quase dez horas, com centenas de lideranças entrando ao vivo e mostrando os Atos por todo o Brasil, via celular configurado em Rotação Automática e usado na posição horizontal (deitado). Militantes do Mídia Ninja, Jornalistas Livres, TV 247 etc divulgaram ao vivo muitos flashes das manifestações ao longo do dia. Marcante também foi a participação de centenas de cidades do interior mostrando que é possível e necessário que aconteçam Atos Públicos em todas as 5.568 cidades brasileiras nos próximos “Fora, Bolsonaro!”. Canindé, no Ceará, e Ibirubá, no Rio Grande do Sul, por exemplo, deram o exemplo a ser seguido. Nestas duas cidades do interior, dezenas de pessoas em um ponto simbólico da cidade, com uma série de cartazes e várias faixas, entoaram vários gritos de luta por “Fora, Bolsonaro!” e por direitos. Gravaram vídeos e divulgaram. O exemplo de luta do povo de Canindé e Ibirubá precisa ser seguido pelas forças vivas de todas as cidades do país. As lutas precisam passar a ser quinzenais, semanais e diárias. Bolsonaro e seu desgoverno parecem invencíveis, mas são vencíveis, pois são opressores recheados de mentiras, violência e contradições. Por isso, “têm pés de barro”.



Em todas as lutas por direitos o povo corre risco: repressão da PM, risco de ter que enfrentar fascistas, risco de algum incidente etc. Lutar tem risco, mas o maior risco hoje é não lutar pela superação dos desmandos na política brasileira. A política genocida está se reproduzindo cotidianamente. Estamos já no início da terceira onda da política genocida, nos alertam os infectologistas. Os números são assustadores. De 2 mil a 2.500 mortos por dia; quase 5 mil em dois dias; dez mil em 4 dias; 20 mil em uma semana; 80 mil por mês. 160 mil em dois meses. Se continuarmos assim, até as próximas eleições em 2022 poderemos ter cerca de 2 milhões de mortos. Portanto, ir às ruas e realizar lutas populares cada vez mais massivas em todas as periferias, cantos e recantos, se tornou o caminho necessário, justo e urgente a ser trilhado para impedirmos que mais 1,5 milhão de pessoas sejam mortas nos próximos 1,5 ano. Com Bolsonaro e seu desgoverno no poder, só aumenta o número de mortos e a devastação dos biomas: Amazônia, Pantanal, Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga e Pampas etc. Ninguém tem o direito de se omitir, pois omissão significa cumplicidade com a política de morte e de violência que campeia no Brasil.

Evangélicos e católicos contra o fascismo, na luta pela democracia e por todos os direitos sociais, foram às ruas com a mensagem bíblica que diz: “Javé – Deus solidário e libertador – disse a Moisés: “Por que clamas a mim? Diga ao povo que marche!” (Êxodo 14,15). Esta passagem bíblica faz referência ao momento em que o povo, após uns 500 anos de superexploração pelo imperialismo dos faraós no Egito, está unido, organizado e irmanado para fugir da “casa da escravidão” – o Egito. O povo está encurralado: na frente o Mar Vermelho; atrás, a tropa de choque das forças repressivas e milicianas do faraó. Muita gente orando e pedindo a Deus para livrá-las da morte, como muita gente que ora hoje pedindo a Deus que acabe com a “pandemia”. Moisés, um dos líderes do movimento popular religioso de libertação, ao lado das mulheres parteiras – Séfora e Fua -, de Miriã e outras, transmite ao povo o que o Deus da vida pede: “Dê um passo à frente! Marche!” Irmanados/as, de cabeça erguida, superando o medo e o encurralamento, o povo, em luta libertária, deu um passo à frente e o mar Vermelho se abriu. Assim, o povo escravizado passou “a pé enxuto” e o exército de faraó afogou-se nas águas do mar Vermelho. No episódio da partilha dos pães, narrado seis vezes nos quatro evangelhos da Bíblia, diante dos que se esquivavam da responsabilidade em solucionar o problema da fome e das injustiças, Jesus Cristo também mostrou o caminho a ser seguido: “Vocês é que têm de lhes dar de comer” (Mateus 14,16). Enfim, “felizes os/as que constroem a paz” (Mateus 5,9), fruto da justiça social, agrária, urbana e ambiental, o que passa necessariamente pelo resgate da democracia, o que exige “Fora, Bolsonaro!”.

23/06/2021

Obs.: Os vídeos nos links, abaixo, ilustram o assunto tratado acima.

1 - Atos “Fora, Bolsonaro!” com mais de 1 milhão de pessoas em mais de 400 cidades no Brasil– 19/06/2021

2 - Ato “Fora, Bolsonaro!” Belo Horizonte, MG – 19/6/2021 - “POVO NA RUA: FORA, BOLSONARO!”

3 - COBERTURA ESPECIAL DO JORNAL A VERDADE DAS MANIFESTAÇÕES #19JFORABOLSONARO

4 - AO VIVO. Semana de protestos no Brasil começa com os Povos Indígenas em Brasília.

5 - Atos “Fora, Bolsonaro!”: BH, Recife, Juiz de Fora, Dublin/Irlanda e outras cidades – 19/6/2021



 

 

 



[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico, em Roma, Itália; agente da CPT, assessor do CEBI e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH e de Teologia bíblica no SAB (Serviço de Animação Bíblica), em Belo Horizonte, MG. E-mail: gilvanderlm@gmail.com  – www.gilvander.org.br  – www.freigilvander.blogspot.com.br       –       www.twitter.com/gilvanderluis         – Facebook: Gilvander Moreira III

[2] Esse é o número oficial. Há pesquisas que indicam que o número de mortos por covid-19 no Brasil possa estar sendo 20% acima dos números divulgados, pois, segundo Pesquisa de uma Universidade dos Estados Unidos sobre mortos no Brasil em 2019 morreram 50 mil pessoas e em 2020 morreram 150 mil pessoas por Síndrome respiratória aguda, o que pode ser por covid-19 não diagnosticado. Logo, é possível que em 2020 tenha tido 100 mil mortos por covid-19 não caracterizados em atestado de óbito. E nos primeiros seis meses de 2021?