Suspenso o
risco de despejo iminente da Ocupação Novo Paraíso.
Hoje à
tarde, dia 13/01/2015 (dia do fuzilamento de frei Caneca, em Recife, PE, em
1824), no 5º Batalhão da PM de MG, em Belo Horizonte, sob coordenação do Ten.
Cel Antonésio, aconteceu reunião de quase 2 horas para discutir sobre
reintegração de posse e despejo da Ocupação Novo Paraíso no bairro Palmeiras,
em Belo Horizonte, MG. No início, a reunião foi muito tensa, enquanto o Ten. Cel.
explicava o ritual para se fazer o despejo da Ocupação Novo Paraíso. Mulheres
da comunidade pediram a palavra e, com firmeza, com muita emoção, chorando,
deixaram claro que as 600 famílias da comunidade jamais aceitarão despejo,
porque: a) A comunidade já está totalmente consolidada, com todas as casas de
alvenaria construídas, inclusive várias com 2 ou 3 andares, com ruas, faltando
só a CEMIG ligar a energia, a COPASA ligar a água e arrumar o saneamento, e a
Prefeitura de BH pavimentar as ruas; b) O terreno estava antes totalmente
abandonado, era lugar de desova de cadáveres e não cumpria sua função social;
c) O Processo que tem como autor Saulo Wanderley, dono da Construtora Cowan – empresa
que derrubou o viaduto em BH -, correu a revelia da comunidade, que não foi
chamada para se defender; d) O Ministério Público (MP) já analisou o processo e
já constatou dezenas de ilegalidades e irregularidades. Se o processo continuar
o MP, a Defensoria Pública e os advogados populares irão ingressar
judicialmente com as devidas medidas judiciais cabíveis; e) O povo está
organizado e conta já com apoio da Comissão Pastoral da Terra, das Brigadas
Populares, da Defensoria Pública de MG, dos advogados Populares do Coletivo
Margarida Alves, do vereador Adriano Ventura e muitos outros apoiadores/ras
como as outras ocupações urbanas de BH que, juntos, lutarão para que a
comunidade siga se fortalecendo; f) A comunidade Novo Paraíso é um território
de paz com nenhum registro de homicídio em dois anos de história.
Para
surpresa e alegria nossa, o advogado de Saulo Wanderley (da COWAN) disse na
reunião que ingressará com petição no TJMG desistindo do processo. Esperamos
que essa promessa se cumpra. O juiz de direito presente na reunião assegurou que
protocolada tal petição requerendo a extinção do processo se encarregará de agilizar
a homologação da extinção do processo junto ao juiz titular.
Enquanto a
reunião ocorria, centenas de pessoas da Ocupação-comunidade Novo Paraíso
bloquearam o trânsito na Av. Amazonas, nos dois sentidos, durante mais de uma
hora. Isso para pressionar e deixar claro o que está sendo dito pelas pessoas
da comunidade e inclusive em faixas: “Preferimos morrer na luta que aceitar ser
despejados.”
Cf. videos,
fotos e Notas no Blog: www.ocupacaonovoparaisobh.blogspot.com.br
Parabéns a
todos que participaram da luta de hoje, mais um gol de placa na luta por
moradia própria, digna e adequada. Agora é continar solidários com as famílias
da ocupação Nelson Mandela, do Aglomerado da Serra, em BH, que está na
iminência de serem despejadas SEM ALTERNATIVA DIGNA, sem a Prefeitura de BH
arrumar outras moradias para as famílias. Isso é inadmissível.
Abraço na
luta. Frei Gilvander Moreira.
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